quarta-feira, abril 25, 2007

Liberdade

25 de Abril dia da Liberdade, assim o diz o calendário. Mais um feriado que tanto agrada a todos, já que para a maior parte significa um dia extra de descanso. Mas afinal qual o significado atribuído a este dia? Qual o motivo que dá a possibilidade, todos os anos, a tantos portugueses de terem mais um dia para não trabalharem e aproveitarem para passear, ir à praia ou simplesmente não fazer nada?

Parece que no ano de 1974 no dia 25 de Abril houve uma revolução, neste país à beira-mar plantado. A revolução dos cravos, como ficou conhecida…isto porque consta que foi uma revolução relativamente pacífica. Nesse dia de 25 de Abril de 1974, a ditadura que estava instalada no poder foi deposta e deu-se assim início ao processo de transição para um regime democrático.

Ora eu em 1974 nem sequer era nascido, por isso não vivi a dita revolução, nem sequer conheci (felizmente) a ditadura do recentemente eleito maior português de sempre. Admito que tudo o que sei desse período da história de Portugal é pouco, já que nas aulas de história nunca foi uma matéria muito aprofundada. Aqui e ali tenho ouvido relatos de pessoas que passaram por essa época, vi algumas reportagens e documentários que me têm ajudado a compreender um pouco o que se passou.

Hoje, passados 33 anos sobre a revolução, acho que se perdeu um pouco (ou demasiado) a noção do que foi conquistado naquele dia. E digo isto porquê? Porque para mim, em 25 de Abril de 1974, Portugal e os portugueses ganharam não só a Liberdade, mas sim ganharam a oportunidade de utilizar essa mesma Liberdade para fazerem deste cantinho da Europa um país melhor. E é com uma certa tristeza e apreensão que vejo todos os dias exemplos de atitudes que vão contra esse objectivo que é (ou deveria ser) melhorar o país e a sociedade em que vivemos.

Todos nós podemos constatar a má situação em que o país se encontra. Mas o português, facilmente arranja logo uma justificação: A culpa é dos governantes e dos políticos!

Para o português há sempre alguém em quem deitar as culpas, menos nele próprio. E para mim, aqui é que reside um dos maiores problemas de Portugal. É muito fácil culpar os políticos e governantes por todos os males do país, mas será que cada um de nós, antes de fazer essas acusações, reflecte sobre as suas próprias atitudes? Será que todos nós estamos a fazer tudo o que podemos para melhorar o país?

Não estou aqui a dizer que os políticos e os governantes não têm culpa, porque têm, mas a culpa não é só deles…e se formos a pensar, os políticos que temos são…portugueses!! Ora, se o povo português não respeita as regras básicas de vivência em sociedade, como é que podemos ter bons representantes políticos?

“Estamos num país livre!” ou “Já não estamos numa ditadura!” ou “Isso era no tempo da outra senhora!” são expressões que ouvimos muitas vezes, mas parece-me que como em tudo neste país passámos do 8 para o 80! No tal “tempo da outra senhora” não havia Liberdade sequer para pensar, e agora parece que toda a gente se sente no direito de fazer aquilo que bem entende sobre o pretexto de ser um país livre, mesmo que as atitudes ou comportamentos possam de alguma forma lesar alguém em particular ou a sociedade em geral.

Para mim, a minha Liberdade acaba onde começa a do meu vizinho…tem de haver respeito pelos outros e pela sociedade e enquanto isso não estiver bem incutido no nosso país, não vamos a lado nenhum.

Tendo tudo isto em conta, a partir de hoje, vou colocar aqui neste humilde estabelecimento, alguns exemplos de falta de civismo com que me deparo todos os dias…alguns podem parecer ridículos e sem significado e até me podem acusar de estar a exagerar nalgumas situações, mas quanto a mim todos eles têm impacto na sociedade.

Não há excesso de liberdade se aqueles que são livres são responsáveis. O problema é liberdade sem responsabilidade. (Milton Friedman)

2 comentários:

Touro Zentado disse...

Esta é a primeira visita que te faço.
Este é o primeiro post que leio.
Gostei muito! Hei-de voltar!

Padeiro de Serviço disse...

Obrigado pela visita e pelo elogio. Volta sempre que quiseres!