quinta-feira, janeiro 04, 2007

Portugal e o Mundo

Não posso deixar de lançar para debate dois expoentes da mediatização dos últimos dias, um em Portugal e outro no Mundo.
Embora, seguramente muitos se lhes possam juntar, estes prometem uma história longa, repleta de episódios.
Por um lado, o naufrágio do pesqueiro «Luz do Sameiro» ao largo da Nazaré, que vitimou cinco tripulantes. Tendo apenas um sido salvo, concerteza devido à resistência a mais baixas temperaturas a que a sua terra natal o habituou, pelos meios de socorro tardios. Será este mais um exemplo dramático, da burocracia e impavidez do nosso país? Terá sido necessária a morte de mais estes homens, para que o panorama se altere?
Noutra esfera social, noutro local do Mundo, noutro contexto, fez-se, mais uma vez, justiça (?)!!! Será mesmo justo, que um tribunal, condene um ser humano à morte? Porque esse ser humano cometeu graves e inúmeras falhas na humanidade, esta é a resposta que o Mundo lhe deve devolver?
A meu ver, não há justificação para a pena de morte (embora compreenda o desejo de vingança das pessoas directamente afectadas pelas atrocidades cometidas pelo réu). E assistir às imagens e ao discurso dos últimos minutos de vida de Saddam Hussein, revestidos de uma crueldade e desprezo humano gritantes, faz-me olhar o mundo de uma perspectiva muito negra.
Perante tais acontecimentos, o que esperar deste novo ano?!?!?!

5 comentários:

Célia disse...

Também sou totalmente contra a pena de morte. E fiquei chocada com o que aconteceu. Não penso que se deva vingar mortes com mais mortes...
Olhando para a questão emocionalmente, e pondo-me no papel de uma pessoa que perde um familiar por uma atrocidade de alguém sem escrúpulos, é óbvio que a quereria ver morta. Mas e se esse assassino fosse o meu filho? Talvez tivesse outra opinião.
O Estado não pode legislar emocionalmente.

Daniel Santos disse...

Eu lamento dizer, mas nestes casos sou a favor.Mesmo que fosse meu filho.Jamais perdoaria um filho meu, criado por mim, fruto da minha educação, ter toda esta crueldade por outros ser humanos.
Quanto ao que se passou com o pesqueiro "luz do Sameiro", só vem mais uma vez demonstrar que somos um país da treta.Já agora fica o registo do que se está a passar na Costa da Caparica...construir muralhas de areia...Parecem os putos na praia a brincar com a areia para as ondas não passarem...
Enfim...Portugal no seu melhor.

Padeiro de Serviço disse...

Ora muito bem, comecemos então pelo fim...a pena de morte!! Eu sou CONTRA, sempre, em qualquer caso, incluíndo o caso de Saddam Hussein. Este caso específico, reverte-se ainda de muitas condicionantes no mínimo estranhas!! Não acredito que o julgamento tivesse sido inteiramente justo, e com isto não estou a dizer que o Saddam era inocente, mas temo que tenham ficado muitas verdades por apurar e se calhar mais responsáveis directos e indirectos a colocar no banco dos réus. E depois, a pressa em executar a pena?? Estavam com receio de alguma coisa?? Pelos vistos os actuais responsáveis do Iraque não estão a actuar de modo muito diferente do que acontecia no tempo da ditadura de Saddam...

Quanto à tragédia de Caxinas...bom, quando vejo uma notícia destas, tento sempre ver os dois lados do problema!! Ao navegar pela net à procura de mais informações sobre este caso, encontrei esta notícia: http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1281474

"...a posição do barco foi o primeiro obstáculo ao salvamento dos pescadores. A embarcação estava "numa zona de rebentação violenta" e o barco salva-vidas do "Luz do Sameiro" tinha ficado "enrolado nas redes". Os próprios pescadores não usavam coletes salva-vidas.

A localização exacta do barco criou outra dificuldade. A identificação com rigor do local de um naufrágio pode demorar até duas horas, dependendo da posição dos três satélites que fazem a triangulação do sinal de socorro, explica o DN. Um erro de coordenadas acabou por levar a lancha salva-vidas "Joaquim Lobo", do porto da Nazaré, oito quilómetros para Norte do local do naufrágio.

Por último, a activação dos helicópteros depois de recebida a ordem de descolagem também foi demorada, uma média entre os 30 e os 45 minutos."

Então temos, a demora da activação dos helicóteros, a dificuldade na localização exacta do barco, a posição do barco, um barco salva-vidas inutilizado e os pescadores não tinham os coletes salva-vidas.

Ora segundo as minhas contas são 5 factores. Qual a importância real de cada um deles?? Não posso aferir ao certo, mas porque é que só se estão a concentrar na falta de meios de salvamento??

Porque não perguntam o porquê dos pescadores não terem os coletes colocados?? E será que o barco oferecia todas as condições de segurança??

Temos de esperar pelo inquérito final, mas acho que se está a cair num vício terrível, que é culpar de imediato o Estado mal aconteça uma tragédia.

Padeiro de Serviço disse...

Ali em cima onde está "helicóteros" deve ler-se obviamente "helicópteros"!!

Psyche disse...

Também não concordo com a norma instituida de culpabilizar o Estado por tudo o que acontece, mas em determinadas situações...
Obviamente que as normas de segurança deveriam ter sido asseguradas mas, e correndo o risco de estar a errar na minha avaliação da situação, perante a realidade apresentada e com todos os condicionantes da activação de meios e identificação do local, parece-me que o tempo foi demasiado longo para o socorro a pessoas em risco de vida. Concerteza que perante circunstâncias emocionais diferentes o "modus operandis" também é acelerado. Lamentavelmente não consigo deixar de olhar esta perspectiva da situação, quem dera que fosse diferente...