Não posso deixar de lançar para debate dois expoentes da mediatização dos últimos dias, um em Portugal e outro no Mundo.
Embora, seguramente muitos se lhes possam juntar, estes prometem uma história longa, repleta de episódios.
Por um lado, o naufrágio do pesqueiro «Luz do Sameiro» ao largo da Nazaré, que vitimou cinco tripulantes. Tendo apenas um sido salvo, concerteza devido à resistência a mais baixas temperaturas a que a sua terra natal o habituou, pelos meios de socorro tardios. Será este mais um exemplo dramático, da burocracia e impavidez do nosso país? Terá sido necessária a morte de mais estes homens, para que o panorama se altere?
Noutra esfera social, noutro local do Mundo, noutro contexto, fez-se, mais uma vez, justiça (?)!!! Será mesmo justo, que um tribunal, condene um ser humano à morte? Porque esse ser humano cometeu graves e inúmeras falhas na humanidade, esta é a resposta que o Mundo lhe deve devolver?
A meu ver, não há justificação para a pena de morte (embora compreenda o desejo de vingança das pessoas directamente afectadas pelas atrocidades cometidas pelo réu). E assistir às imagens e ao discurso dos últimos minutos de vida de Saddam Hussein, revestidos de uma crueldade e desprezo humano gritantes, faz-me olhar o mundo de uma perspectiva muito negra.
Perante tais acontecimentos, o que esperar deste novo ano?!?!?!
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Também sou totalmente contra a pena de morte. E fiquei chocada com o que aconteceu. Não penso que se deva vingar mortes com mais mortes...
Olhando para a questão emocionalmente, e pondo-me no papel de uma pessoa que perde um familiar por uma atrocidade de alguém sem escrúpulos, é óbvio que a quereria ver morta. Mas e se esse assassino fosse o meu filho? Talvez tivesse outra opinião.
O Estado não pode legislar emocionalmente.
Eu lamento dizer, mas nestes casos sou a favor.Mesmo que fosse meu filho.Jamais perdoaria um filho meu, criado por mim, fruto da minha educação, ter toda esta crueldade por outros ser humanos.
Quanto ao que se passou com o pesqueiro "luz do Sameiro", só vem mais uma vez demonstrar que somos um país da treta.Já agora fica o registo do que se está a passar na Costa da Caparica...construir muralhas de areia...Parecem os putos na praia a brincar com a areia para as ondas não passarem...
Enfim...Portugal no seu melhor.
Ora muito bem, comecemos então pelo fim...a pena de morte!! Eu sou CONTRA, sempre, em qualquer caso, incluíndo o caso de Saddam Hussein. Este caso específico, reverte-se ainda de muitas condicionantes no mínimo estranhas!! Não acredito que o julgamento tivesse sido inteiramente justo, e com isto não estou a dizer que o Saddam era inocente, mas temo que tenham ficado muitas verdades por apurar e se calhar mais responsáveis directos e indirectos a colocar no banco dos réus. E depois, a pressa em executar a pena?? Estavam com receio de alguma coisa?? Pelos vistos os actuais responsáveis do Iraque não estão a actuar de modo muito diferente do que acontecia no tempo da ditadura de Saddam...
Quanto à tragédia de Caxinas...bom, quando vejo uma notícia destas, tento sempre ver os dois lados do problema!! Ao navegar pela net à procura de mais informações sobre este caso, encontrei esta notícia: http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1281474
"...a posição do barco foi o primeiro obstáculo ao salvamento dos pescadores. A embarcação estava "numa zona de rebentação violenta" e o barco salva-vidas do "Luz do Sameiro" tinha ficado "enrolado nas redes". Os próprios pescadores não usavam coletes salva-vidas.
A localização exacta do barco criou outra dificuldade. A identificação com rigor do local de um naufrágio pode demorar até duas horas, dependendo da posição dos três satélites que fazem a triangulação do sinal de socorro, explica o DN. Um erro de coordenadas acabou por levar a lancha salva-vidas "Joaquim Lobo", do porto da Nazaré, oito quilómetros para Norte do local do naufrágio.
Por último, a activação dos helicópteros depois de recebida a ordem de descolagem também foi demorada, uma média entre os 30 e os 45 minutos."
Então temos, a demora da activação dos helicóteros, a dificuldade na localização exacta do barco, a posição do barco, um barco salva-vidas inutilizado e os pescadores não tinham os coletes salva-vidas.
Ora segundo as minhas contas são 5 factores. Qual a importância real de cada um deles?? Não posso aferir ao certo, mas porque é que só se estão a concentrar na falta de meios de salvamento??
Porque não perguntam o porquê dos pescadores não terem os coletes colocados?? E será que o barco oferecia todas as condições de segurança??
Temos de esperar pelo inquérito final, mas acho que se está a cair num vício terrível, que é culpar de imediato o Estado mal aconteça uma tragédia.
Ali em cima onde está "helicóteros" deve ler-se obviamente "helicópteros"!!
Também não concordo com a norma instituida de culpabilizar o Estado por tudo o que acontece, mas em determinadas situações...
Obviamente que as normas de segurança deveriam ter sido asseguradas mas, e correndo o risco de estar a errar na minha avaliação da situação, perante a realidade apresentada e com todos os condicionantes da activação de meios e identificação do local, parece-me que o tempo foi demasiado longo para o socorro a pessoas em risco de vida. Concerteza que perante circunstâncias emocionais diferentes o "modus operandis" também é acelerado. Lamentavelmente não consigo deixar de olhar esta perspectiva da situação, quem dera que fosse diferente...
Enviar um comentário