Tremeliques

Sismo ou terramoto, são duas palavras que geralmente associamos a acontecimentos catastróficos. Fenómenos naturais que o Homem não tem qualquer controlo sobre os mesmos.

Sempre tive um grande respeito por qualquer fenómeno natural, mas ao mesmo tempo tenho muita curiosidade pelos mesmos. Sempre receei (e ainda receio) estar “no meio” de um terramoto de grande magnitude, no entanto sempre me questionei como é que seria a sensação de um pequeno sismo. Todas as semanas registam-se em Portugal vários pequenos abalos, entre os quais, só uma pequena minoria são sentidos pela população.

Em Dezembro passado fez 2 anos em que, pela primeira vez, senti realmente a terra tremer. O sismo foi classificado como um de grau V, no entanto lembro-me de comentar com várias pessoas e nem todas sentiram o referido abalo.

Lembro-me distintamente…estava no gabinete a trabalhar no computador, quando de repente vejo o monitor a tremer mais do que o habitual. Por um instante pensei que fosse devido ao meu “tique” inconsciente de estar sempre a abanar a perna e que a mesma estivesse a bater na mesa, mas depois a trepidação aumentou um bocadinho mais e descartei essa ideia. Pensei cá para comigo: “Devem andar aí em obras!”. Quando o abanão acabou, não associei de imediato o mesmo à actividade sísmica. O engraçado é que comecei a sentir-me mal disposto, como se algo não batesse certo… Quando entrou alguém no gabinete a perguntar se tinha sentido o sismo é que se fez luz: “Então foi mesmo um sismo?!”

E foi assim que eu vi a minha “curiosidade” satisfeita em relação ao que se sente quando a terra “treme”. No entanto, para aquelas pessoas que têm a mesma “curiosidade”, mas ainda não tiveram oportunidade de sentir um pequeno sismo, não desesperem, porque há uma solução. Existe um simulador de sismos junto à capital deste país à beira-mar plantado. É verdade, um simulador de sismos!! E perguntam vocês: “Mas isso deve ser muito caro, não?” E eu respondo: “Não.”

Para poder fazer a dita experiência basta possuir carta de condução (embora seja opcional), um automóvel e cerca de 3 €. Para se poder apreciar na totalidade a simulação é necessário percorrer de automóvel a CREL (A9) em toda a sua extensão (Estádio Nacional-Alverca ou vice-versa). Se realizarem o percurso à velocidade máxima permitida por lei (120 Km/h), garanto-vos que a sensação é igual à que experimentei aquando do sismo de há 2 anos. Quanto menos recente for o automóvel e mais gastos estiverem os amortecedores, maior será o efeito pretendido. Consoante as zonas da CREL, poderão “experimentar” sismos de diferentes magnitudes.

Dizem sempre que Portugal está sempre atrasado em relação ao resto da Europa, mas aqui temos um exemplo de vanguarda. Uma Auto-Estrada, que serve também de simulador de sismos!! Muito obrigado Brisa por esse autêntico serviço público que presta aos cidadãos portugueses!! E podem ficar descansados que o simulador está para ficar, já que desde 2003, aquando da introdução do pagamento de portagens na A9, de todo o dinheiro que foi arrecadado, nenhum foi gasto para melhorar o pavimento, o que decerto iria prejudicar a performance do “simulador de sismos”, por isso não se apressem.